Como escritor, nos dias de hoje, você terá que ser também blogueiro. Nem que seja somente para divulgar seu próprio material. O problema é que, com tanto conteúdo inédito e de qualidade rolando por aí, se os textos que você produzir não forem densos e consistentes, você não terá leitores. Meia dúzia de amigos, sua mãe e, talvez, seu “cacho” do momento. Mas você não terá Leitores, assim, com “L” maiúsculo. A competição está mais acirrada a cada dia. Sua resposta ao desafio? Mais empenho.
Você tem ideia de quantos blogs existem espalhados pela internet? Só em português você pode encontrar dezenas de milhares. Mas tudo que está sendo produzido é bom? Ao contrário. A maioria dos blogueiros consegue, com muito esforço, empilhar dois parágrafos meramente legíveis. Notou que eu não falei “parágrafos lógicos”? Nem “compreensíveis”? Você consegue imaginar a que distância estamos de afirmar que um blog assim tem “bons textos”?
O problema é que, considerado o número de blogs ativos (um monte, lembra?) mesmo os poucos bons e criativos, percentualmente falando, são muitos. Explico: em um universo enorme, um pequeno percentual ainda é muita coisa.
Considerando isso, a qualidade do conteúdo é tudo. Lembre-se que seu site é seu portfólio. Não publique conteúdo sem propósito ou sem revisão. A internet tem memória que às vezes parece eterna. Quando menos você esperar, algo que publicou sem pensar poderá voltar para assombrá-lo.
São inúmeros os casos de pessoas que blogaram a respeito de algo que parecia ser inócuo e, alguns anos depois, achando que o blog estava morto e enterrado, em uma entrevista de emprego, por exemplo, foram severamente cobradas por opiniões que emitiram ou posicionamentos que adotaram.
Então lembre bem desse primeiro fato: a internet tem memória. O segundo é que o espírito da internet é o mesmo do escambo. A rede inteira é baseada em relações de troca que seguem uma diretriz: primeiro é preciso dar para então receber. Existem duas formas de encarar esta relação:
- Você dá só aquilo que está disposto para aqueles que quiserem receber: neste caso para fazer a divulgação do seu trabalho será necessário descobrir onde está essa tribo que “quer receber” e torcer para que eles queiram o que você está oferecendo. O processo é descontrolado e ineficiente.
- Você descobre quem são seus leitores, onde estão eles, o que eles querem e fornece seu produto sob medida: A vantagem suprema é que você terá controle da situação e, ao contrário do primeiro método, é eficiente. Não significa que você vai “vender a alma ao Demo”. Significa apenas que fará um esforço para compreender o seu mercado. Você vai identificar quem é o seu público alvo. Isso ajudará a focar seus objetivos e metas, escolher os assuntos a serem abordados e o enfoque que será dado. Sem contar que vai aproximar você do seu público e facilitará tremendamente a promoção da sua produção.
Se você optar pela segunda situação (obviamente a melhor escolha), primeiro tente definir-se como escritor. Pense ao longo destas linhas: considerando tudo o que você já escreveu, qual gênero predomina? Romace? Suspense? Policial? Grandes reportagens? Lembre-se que cada nicho possui seus próprios leitores. Mas quem são essas pessoas? Quem você imagina que seria o seu leitor ideal e como seria necessário conversar com ele?
Por quais assuntos ele se interessa? Um leitor de ficção científica muito certamente gostaria de ciências. Um leitor de romances em tese tenderia a apreciar as relações humanas, um apreciador de livros de espionagem mergulharia com prazer em páginas e paginas de intrigas sobre política internacional, e assim por diante.
No seu blog, mostre sua habilidade de escritor escrevendo textos variados para que, com o passar do tempo, ele se torne uma referência na área, o que vai lhe conferir um status de autoridade diante de seus leitores.
E por falar neles, cultive relacionamentos com seus leitores. Faça com que se sintam parte do seu processo de criação, como se fossem membros de “sua família estendida”. Faça com que se importem com você e com o que faz. É muito mais fácil vender para um amigo que confia em você do que para alguém que nunca ouviu falar de você. Cultive estes novos amigos!
Aqui estão alguns exemplos de escritores que cultivam seus leitores.
- Neil Gaiman – http://journal.neilgaiman.com/ – além de blogar com voz própria, ele ainda usa uma ferramenta que é a mais nova febre da rede: o Twitter. Ele publica comentários curtos diversas vezes por dia, sempre de natureza muito pessoal informando onde vai estar autografando seus livros e, depois, conta como foi em detalhes.
- Warren Ellis – http://www.warrenellis.com/ – ele é o que se poderia chamar de um “bad boy”. Mas ele encontrou seu nicho e, como um bom profissional, ordenha a imagem de “perigoso” até a última gota. À exemplo de Gaiman, também usa o Twitter dezenas de vezes por dia, com freqüência informando que está indo para o bar, ou quantas doses tomou, ou como está se sentindo em virtude dos excessos da noite anterior.
- Wil Wheaton http://wilwheaton.net/ – está muito mais para a linha de Gaiman do que de Ellis. É um dos namoradinhos da “literatura indie”, bom moço, bom marido, bom pai, ator, escritor… e, claro, encontrou seu público. Usa a internet e suas ferramentas para aproximar-se de seus leitores e promover sua obra.
Como exemplo prático para ilustrar o artigo, divida a sua experiência. Responda aqui estas duas perguntas: Que tipo de escritor você é? Quem você acredita ser seu público?
Interessante o artigo… gostei!