Hoje, no almoço, comi um Yakisoba que veio acompanhado de um biscoito da sorte. “Veja a adversidade como uma oportunidade disfarçada” foi o conselho que recebi. Filosofia de fim de semana? Conceitos de confeito? Retórica de realejo? Independente do rótulo, uma leitura superficial pode ensejar este tipo de comentário sobre a obra de Richard Bach.
Crônicas POP
Você sabe tudo sobre ícones porque olha para eles todos os dias em seu computador. São aquelas pequenas ilustrações onde você clica para abrir seus programas.
Ícones literários não são muito diferentes disto. Você convive com eles todos os dias no shopping, no cinema, no rádio e na prateleira da sua cozinha. E, como os ícones da tela do seu computador, eles desencadeiam memórias poderosas – em você e nos seus leitores. Continue reading “Crônicas POP”
A Identidade Ludlum
Um homem exibindo ferimentos de balas é resgatado do Mar Mediterrâneo. Não se sabe seu nome. Ele não tem passado. Está sofrendo de amnésia. Seu rosto mostras sinais de que passou por uma cirurgia plástica. Suas córneas evidenciam uso prolongado de lentes de contato. Mas ele não tem problemas na vista. Provavelmente serviam ao único propósito de camuflar a verdadeira cor de seus olhos. Ele fala em várias línguas diferentes enquanto delira. Um minúsculo fragmento de micro-filme havia sido cirurgicamente implantado sob sua pele onde aparece o número de uma conta em um banco na Suíça e as iniciais “JB”.
Pilares do Passatempo
Quer passar uma temporada em uma caverna com um ermitão? Presenciar um autêntica batalha entre cavaleiros ingleses durante a idade média? Desbravar territórios desconhecidos? Entrar em mansões, quitinetes e cortiços? Ser admitido na casa, na vida e nos pensamentos de todos os tipos de pessoas? É isto o que a literatura de entretenimento oferece. Diversão, inspiração e instrução… sem dor.
Leitura Recomendada
Se você deseja ser um escritor, pense assim: sua leitura obrigatória já está com um atraso de aproximadamente 6.000 livros.
Assustador? De forma nenhuma. É maravilhoso. Pense em tudo o que você ainda pode aprender, os detalhes das personagens que vai conhecer, todos os lugares, dos mais sagrados aos mais profanos, dos requintados aos vulgares, das cavernas aos palácios, das alcovas aos salões de baile, em que você será sorrateiramente admitido, simplesmente por ser um leitor. Quer conhecer a mente de um gênio? De um mineiro de carvão? De um assassino serial? Quer entender porque uma criança sorri quando pisa descalça na grama, ou porque um por de sol pode umedecer os olhos de um casal? Então não se apavore com o número acima, e leia. Se for mais fácil para você, pense que são 6.000 quilômetros da melhor viagem que já fez na vida, e que a cada centímetro desta estrada, às vezes asfaltada e sinalizada, às vezes completamente destruída e devorada por uma floresta assustadora, existe, não a possibilidade, mas a probabilidade de que coisas excitantes acontecerão. Continue reading “Leitura Recomendada”
Caçadores Caçados
É mais fácil criar um estilo ou contar uma história? Ao que tudo indica, pelo menos no Brasil, o mercado literário valoriza mais o virtuosismo estilístico do que a pobre missão de se contar uma história. Viva os malabaristas de teses! Morte aos contadores de histórias!
Autores julgam mais seguro produzir textos diferentes, em estrutura e apresentação, dando-se a desculpa de que não desejam percorrer caminhos já abertos. O fato é que criar um estilo é fácil. O difícil é não se cansar de ler tantas experiências: livros que são constituídos de um único parágrafo; frases imensas sem vírgulas ou pontos; diálogos incompreensíveis mesclados com descrições e efeitos sonoros; tudo aparentemente criativo, mas relegando ao porão os elementos que compõe uma boa história. Onde fica o enredo? As personagens? O herói? Aquela impecável escolha do foco narrativo? Ninguém mais pensa nos conflitos? Droga, ninguém mais pensa no leitor? Continue reading “Caçadores Caçados”
Escritor interrompido
Às vezes, quando estou trabalhando, sou interrompido inúmeras vezes por hora. A cada cinco minutos mais ou menos, o telefone toca (“O senhor não quer se tornar doador registrado no hemobanco?”), a diarista vem fazer o relatório do aspirador de pó (“Pois é seu Fábio, ele tá esquentando e não puxa nada!”) ou uma das nossas gatas vem pedir atenção (“…prrrr… miauu!”). Mas, como alguns dos exemplos acima (hemobanco e a gata), algumas interrupções são importantes. Ou pelo menos, para mim, tão importantes quanto o texto no qual estou trabalhando (ou pelo menos tentando trabalhar). Continue reading “Escritor interrompido”
Falando com autoridade
Escritores sempre se encontram diante do desafio de achar pessoas dispostas a partilhar informações para tornar suas obras verossímeis, divertidas e precisas. Não só precisam encontrar alguém com quem conversar, mas precisam encontrar “o alguém” certo!
Escrevendo através da máscara
Com a fantasia, liberte sua voz das inibições e deixe suas memórias se revelarem.
Mesmo que hoje em dia você não brinque o carnaval como quando era criança… mesmo que nunca tenha brincado… mesmo que hoje em dia tenha adotado a tradição do Halloween ou, em algum momento da sua infância, tenha se fantasiado para uma festa junina ou peça de teatro na escola… Vamos combinar a idéia emprestada do teatro grego, colocar uma máscara e escrever do ponto de vista desta persona. Seja através da máscara do pierot, da columbina, do gênio da lâmpada maravilhosa, da princesa, do homem aranha ou do índio, certamente diríamos coisas que jamais teríamos coragem de expressar sem ela.
Relançamentos: um esporte nacional
Por que ler os clássicos? Italo Calvino deu a melhor de todas as respostas à esta pergunta: Por que é melhor do que não lê-los. Concordo com ele. Ótimo, vamos ler Tolstói, Balzac, Stendhal, Voltaire, Conrad… Mas…
Eu não sei o que acontece na rarefeita atmosfera das academias e editoras. Eles ainda não perceberam que nem só de clássicos vivemos os pobres mortais. E onde fica a literatura de entretenimento? Não me refiro às coisas (nem livros são) descartáveis, pobres de conteúdo, concebidas unicamente visando lucro e que entopetam as prateleiras das livrarias, mas à boa literatura de entretenimento. Aquela que faz o leitor pensar três vezes antes de ligar a televisão, pois “precisa” saber o que vai acontecer com aquela personagem. Continue reading “Relançamentos: um esporte nacional”